Em CPI da Previdência, JBS é questionada sobre operações com dólar e delação

Publicado em 8/6 pelo G1

Autora: Laís Lins

Convidado para responder a perguntas sobre a dívida da empresa com INSS, o gerente Jurídico da área tributária do frigorífico JBS, Fabio Chilo, foi questionado por senadores nesta quinta-feira (8), durante audiência da CPI da Previdência, sobre temas como o processo de delação premiada de executivos da companhia e operações no mercado financeiro que estão sob investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Parlamentares, entre eles o relator da CPI, Hélio José (PMDB-DF), quiseram saber detalhes sobre a compra de dólares que gerou lucros para a empresa. A operação foi feita pouco antes da divulgação de detalhes das delações, que desencadearam grave crise política no governo Michel Temer e instabilidade no mercado financeiro, com disparada do dólar.

Além de questionar a compra de dólares, Hélio José pediu a lista de sócios do grupo J&F, que controla a JBS.

Outro integrante da base do governo Temer, o senador Lasier Martins (PSD-RS) perguntou sobre os financiamentos “com juros generosos” concedidos à empresa pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

De acordo com Martins, a “JBS se tornou uma empresa emblemática na crise institucional que o país está vivendo.”

Em resposta aos questionamentos feitos fora do tema da dívida previdenciária da empresa, Chilo foi cuidadoso e apontou que não tinha legitimidade para esclarecer os questionamentos. Ele disse que repassaria os questionamentos para outras áreas da empresa.

Os senadores incluíram perguntas sobre a composição societária da empresa e a delação dos executivos do grupo, entre eles Wesley e Joesley Batista.

Audiência

Na audiência desta quinta, a JBS foi uma das cinco convidadas para falar sobre as dívidas previdenciárias de empresas do setor de carnes. Representantes de apenas três delas compareceram.

Os representantes da JBS, Marfrig e Swift Armour reclamaram da demora da Receita Federal em pagar os créditos tributários aos quais as empresas têm direitos e que são dados pelo governo a empresas que exportam.

Heraldo Geres, da Marfring Global Foods, afirmou que a Receita Federal é rápida em cobrar impostos, mas lenta em liberar os créditos das empresas. Segundo ele, essa lentidão gera prejuízo para as companhias, já que os créditos tributários não têm nenhum tipo de correção.

O direito a esses créditos, por exemplo, é o argumento da JBS para afirmar que não deve R$ 2,4 bilhões à Previdência, como diz a Receita Federal. Segundo Chilo, a empresa tem R$ 1,5 bilhão em créditos tributários homologados.

“A diferença entre os R$ 2,4 bilhões da dívida divulgada e de R$ 1,5 bilhão de créditos refere-se a multas e encargos, que a empresa acredita que não deve, já que havia autorizado a compensação na data de vencimento. Ela fez o pagamento, mediante a compensação no prazo”, afirmou.

Felipe Ricetti Marques, da Swift Armour, também destacou que a empresa tem mais crédito a receber da Receita Federal do que dívida com a Previdência.